Filho de Érico Veríssimo, um dos maiores nomes da literatura nacional, Luis Fernando Verissimo nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936. Aos 16 anos, foi morar nos EUA, onde aprendeu a tocar saxofone, hábito que cultiva até hoje – tem um grupo, o Jazz 6. É jornalista, mas “do tempo em que não precisava de diploma para exercer a profissão”. Antes de se dedicar exclusivamente à literatura, trabalhou como revisor no jornal gaúcho Zero Hora, em fins de 1966, e atuou como tradutor, no Rio de Janeiro. Casado há mais de 30 anos com Lúcia Verissimo (“não é a atriz, não é a atriz!”), sua primeira “namorada séria”, tem três filhos: Fernanda, Mariana e Pedro.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Nas altas esferas - Crônica do jornal O Globo e do Bom Dia (10/04/11)

Suponho que mesmo antes do combate entre Golias, representando os filisteus, e Davi, representando os israelitas, fosse comum as nações designarem lutadores para resolver suas diferenças sem a necessidade de batalhas demoradas e sangrentas que sacrificavam milhares. Um contra um era uma maneira prática e justa de fazer a guerra — mesmo que, no caso de Davi e Golias, a desproporção entre os combatentes fosse notória: Golias só tinha o tamanho e a força bruta, Davi tinha a juventude e a técnica, além de Jeová ao seu lado. (Há quem date daí a discussão sobre arte x força que, séculos mais tarde, viria dominar as conversas sobre futebol no Brasil.)

Não sei por que as atuais diferenças entre cristãos, muçulmanos e judeus não podem ser resolvidas da mesma maneira, os três lados designando seus heróis — no caso o deus de cada um — para representá-los num torneio nas altas esferas, poupando milhares de vidas entre os seus seguidores aqui embaixo.

O Deus cristão, Alá e Jeová decidiriam, de alguma forma — talvez em duelos de relâmpagos, ou no mínimo no par ou impar — qual dos três é a única divindade legitima, desobrigando seus fiéis na Terra de recorrerem a bombas e Tomahawks. Sei lá, é só uma ideia.

Chuchu II

No domingo passado escrevi sobre o chuchu. Mais especificamente sobre a origem da expressão "pra chuchu", e como seria sua tradução em inglês. Só revelei minha total ignorância de botânica e etimologia, como não pararam de me dizer parentes, amigos e leitores.

Usa-se "pra chuchu" como sinônimo de muito porque chuchu vem de uma trepadeira especialmente dadivosa, que o produz... bom, pra chuchu. O nome do vegetal em inglês é "chayote" mas este também é o seu nome em espanhol, pois ele nasceu no México.

O nome vem de "chayohtli", na língua nahuatl. Em francês "chou" é couve mas lá dizem muito, para filhos e amantes, "chou-chou", como em "viens, mon chou-chou". Na Índia ele se chama "chow-chow". É da mesma família do pepino e do melão, mas eles negam.

Fracasso

Talvez já tenha havido um acordo nas altas esferas, uma decisão dos três grandes de se aposentarem e terceirizarem a função de gerir o universo, devolvendo-a aos velhos deuses pagãos. Pois se a história do mundo nos últimos séculos ensina alguma coisa é o fracasso dos monoteísmos.


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